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Ansiedade e transtorno do pânico

 1.0 O que é ansiedade?

De acordo com as pesquisas mais recentes, embora não se tenha até o momento uma definição completa sobre esse tema, compreende-se que a Ansiedade e transtorno do pânicoansiedade é um estado psicofisiológico alterado resultante de alguma situação interna ou externa e antecede ao equilíbrio, preparando o sujeito para a resolução de problemas imediatos, ou para lutar e fugir.  

Os autores pesquisados para este artigo, concordam que a maioria das pessoas diante de situações complexas ou perigosas, poderão experimentar em si mesmas um estado psicofisiológico de apreensão, inquietação, taquicardia, boca seca, tontura, sufocamento, arrepios; variando de acordo com as características pessoais de cada um e dos níveis de ansiedade.  Para a maioria das pessoas, este estado psicofisiológico alterado, poderá anteceder a execução de tarefas complexas, de avaliação de desempenho, de apresentação em público, ou mesmo diante de uma situação de agressão, de tratamento médico arriscado, etc. Para estas e outras situações do dia a dia, estes níveis de ansiedade são considerados normais e facilmente retornam à condição de tranquilidade ou normalidade. Não resultam em prejuízo imediato à estabilidade física e emocional do sujeito.

Outro componente importante, paralelo à ansiedade é o medo. Quando esta emoção é disparada por algum estimulo, o nosso organismo reage em busca do equilíbrio através do sistema nervoso autônomo (SNA), que tem por função regular a pressão sanguínea, à frequência respiratória, a musculatura voluntária; preparando o corpo para a resolução de problemas ou para lutar e fugir. Quando o sistema nervoso autônomo desempenha suas funções corretamente de modo voluntario ou involuntário, o organismo retorna, como já mencionado, a uma situação de tranquilidade.    

Em contrapartida se os níveis de ansiedade se tornarem elevados (não adaptativos), frequentes e recorrentes resultando em severo sofrimento psicofísico, alterando drasticamente a vida social do sujeito, é bem provável que esteja sofrendo de algum transtorno de ansiedade. E neste artigo falaremos especificamente do transtorno de pânico. Ainda considerando-se alguns aspectos da ansiedade adaptativa, é possível que certos estilos familiares de educação e criação dos seus filhos, influenciem na formação de sujeitos mais ansiosos? Vamos analisar.           

2.     Estilos familiares podem influenciar no desencadeamento da ansiedade?

O conhecimento disponível na literatura de pesquisa, atestam amplamente que existe uma relação direta entre os tipos de criação de filhos, aqui iremos chamar de estilos parentais, e o desenvolvimento psíquico, bem como o modo de interação social dessas crianças. O sucesso ou o fracasso desses jovens ou adolescente quando adultos, dependerá e muito da educação e da influência que receberam dos pais ou cuidadores durante as fases do seu desenvolvimento. Os autores aqui trabalhados identificaram quatro tipos de educação ou estilos parentais, conceituados como: (1) estilo autoritário, (2) estilo permissivo, (3) estilo autoritativo. (4) Estilo superprotetor. Vamos falar sobre cada deles:

2.1 Estilo autoritário:

famílias que interagem com seus filhos neste modelo, se identificam por exercerem sua liderança familiar de modo controlador, rigorosos na questão da obediência, disciplina punitiva e raramente demonstram afeto emocional.

Pais ou responsáveis legais que interagem segundo esse estilo autoritário acreditam estar fornecendo o melhor sistema de educação para seus filhos. Em geral, costumam supervisionar, controlar e decidir por eles vários aspectos da vida cotidiana com a intenção de protege-los e puni-los quando não se submetem às regras.   

No entanto, o exercício rígido e inflexível da autoridade e disciplina, sem bons diálogos e demonstração de afeto adequado por parte dos pais, resultam em muitos problemas na vida da criança e do futuro do adulto. Vejamos:

Os estudos sugerem que dentro desse estilo parental autoritário, quando os pais e mães cometem excessos na questão da disciplina, obediência e punição, acabam comprometendo o desenvolvimento de autonomia, segurança emocional e tomadas de decisões do futuro adulto.

Filhos criados neste sistema de educação, em geral, percebem ou descrevem seus pais ou cuidadores, como autoritários, controladores, punitivos e afetivamente distantes. Ainda jovens e mesmo na vida adulta, aprenderam a seguir obedientemente regras e normas familiares por medo das punições. Em geral, se tornam pessoas depressivas, inseguras e ansiosas.    

2.2 Estilo superproteção:

Pais ou mães que criam seus filhos superprotegendo-os de todos os perigos imagináveis, de certa forma também exercem o autoritarismo como modelo de educação. Neste sentido, os pais agem e costumam tomar decisões em lugar dos filhos por medo de algo ruim acontecer com eles, devido a isso acabam controlando, vigiando e superestimando a capacidade dos filhos de se defenderem.

Neste modelo parental de superproteção, é bem provável que os pais supervalorizem a disciplina, o controle e a vigilância como forma de corrigir comportamentos indesejáveis de suas crianças, em especial se estas, se colocarem em situações de risco ou se afastarem do seu olhar preocupado.      

Todo esse controle da parte dos pais, por fim acaba influenciando os pensamentos, as emoções e a personalidade do educando. Mesmo na vida adulta, manifestam insegurança na tomada de decisões; apresentam lentidão na capacidade de raciocínio, e percebem o perigo em quase todas as situações.  Por não apreenderem a discriminar as circunstâncias ameaçadoras, vivem apreensivas, ansiosas e preocupadas com esta possibilidade.

Pesquisas recentes revelaram que os estilos parentais, autoritário e superprotetor, possuem em comum o excesso de controle comportamental, de disciplina, de vigilância e de superproteção, exercidos durante a criação e educação de seus filhos. Esses elementos combinados poderão resultar em prejuízos na autonomia pessoal, na inciativa e na autodefesa das crianças. Sem saberem como lidar com muitas situações desconhecidas, essas crianças e depois o adulto, passaram a desenvolver níveis de ansiedade elevados, e por fim, o transtorno de ansiedade inclusive o pânico.  

2.3 Estilo permissivo:

Pais ou responsáveis legais que seguem este modelo de educação durante as fases de desenvolvimento dos seus filhos, acreditam e seguem o princípio da liberalidade. Para eles, o mais importante é serem afetuosos ao interagirem com seus filhos. Estabelecem regras e normas familiares, mas não se deixam influenciar rigidamente por elas, pois acreditam seriamente que as crianças sabem escolher o que é melhor para elas. Esperam e estimulam que as crianças se auto-regulem, e na perspectiva deles, se orientem em conformidade com os seus próprios desejos imaturos, ao invés de seguirem um modelo pronto e rígido. A baixa interferência dos pais quanto a que tipo de conduta os seus filhos precisam seguir ou deixar-se orientar, acabam se tornando um reforçador positivo para comportamentos inadequados e sem limites.    

Os pais que se enquadram nesse estilo parental permissivo, costumam exigir pouco dos seus filhos e parecem não se importar no tipo de comportamento que apresentam em suas interações familiares ou sociais. Acreditam que as crianças sabem tomar suas próprias decisões e raramente usam a punição como forma de educar. Quando adultos é possível que se tornem pessoas sem limites, ansiosas e com sérios problemas de comportamento.

2.4 Estilos autoritativos:

Os pais ou responsáveis legais que se deixam guiar por este modelo de educação na criação dos seus filhos, conseguem estabelecer uma relação disciplinadora, com regras, normas e limites bem definidos para a interação do grupo familiar.

Para eles é de vital importância que haja um tipo de comunicação franca e honesta, iniciando pelo exemplo próprio e desse modo influenciando seus filhos a fazer o mesmo.

Pais e mães que estabelecem esse tipo de arranjo familiar, incentivam seus filhos a terem mais autonomia à medida que se desenvolvem. Exercem autoridade de forma moderada, e quando necessário costumam explicar aos filhos os motivos das regras e normas e porque precisam ser obedecidas.

Famílias que interagem segundo o estilo autoritativo, promovem um clima familiar de aconchego, respeito e demonstração de afeto adequado. Valorizam  a obediência e a autonomia gradual da criança, bem como a regulação de comportamentos segundo as regras e normas familiares, priorizando a comunicação franca e respeitosa, bem como a demonstração equilibrada de afeto.    

Ambientes familiares que seguem esse estilo parental na criação e educação dos seus filhos, frequentemente formam adultos mais equilibrados, obedientes, responsáveis e maduros.

3.     Qual a diferença entre (1) transtorno de ansiedade, (2) transtorno do pânico e (3) ataques de pânico?

 

3.1 Transtorno de ansiedade:

Conforme já analisamos no início do artigo, a ansiedade considerada normal, é um estado psicofisiológico de apreensão, inquietação, taquicardia, boca seca, tontura, sufocamento, arrepios; que são desencadeados a partir de interpretações atribuídas a determinadas situações, tais como sensações corporais ou situações de medo. Quando esses e outros sintomas ansiosos surgem em níveis desproporcionais, resultando em severo sofrimento psíquico ou prejuízo familiar e social, então passamos a denominar de transtornos de ansiedade, por serem vários.   

Pessoas acometidas por transtornos de ansiedade, em geral, percebem alterações no seu modo de pensar e também no seu corpo. Para eles, as situações avaliadas como perigosas são mais potentes do que a sua capacidade para lidar com o medo. Esse padrão de pensamento fóbico resulta das primeiras experiências com o transtorno, e se tornam mantenedores dos sintomas ansiosos.

3.2 Transtorno de pânico:

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais [DSM-5], o transtorno de pânico, em comparação aos outros transtornos de ansiedade, ocupa o maior número de consultas médicas, devido aos prejuízos sociais, profissional e físicos decorrentes da sua ação.

Quando um paciente apresenta o primeiro quadro de transtorno do pânico, em geral relatam um sentimento de medo desproporcional acompanhado de intenso desconforto atingindo um pico de sensação corporal em minutos, durante o qual ocorrem quatro (ou mais) dos seguintes sintomas:

1. Palpitações, coração acelerado, taquicardia.

2. Sudorese.

3. Tremores ou abalos.

4. Sensações de falta de ar ou sufocamento.

5. Sensações de asfixia.

6. Dor ou desconforto torácico.

7. Náusea ou desconforto abdominal.

8. Sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio.

9. Calafrios ou ondas de calor.

10. Parestesias (anestesia ou sensações de formigamento).

11. Desrealização (sensações de irrealidade) ou despersonalização (sensação de estar distanciado de si mesmo).

12. Medo de perder o controle ou “enlouquecer”.

13. Medo de morrer

A frequência e intensidade desses sintomas dependem também das características individuais do paciente e das influencias ambientais, pois muitos deles se originaram de famílias com estilos de criação e educação autoritárias, superprotetoras ou permissivas e desse modo gerando sujeitos que apresentam vulnerabilidades psicológicas e ou biológicas.  

3.3 Ataques de pânico:

Os ataques de pânico se caracterizam por surgirem inesperadamente, atingem o seu pico em 10 minutos e duram de 20 a 30 minutos. Apresentando vários sintomas dentre os quais podemos citar:  taquicardia, sudorese, sensação de falta de ar, medo de perder o controle, dentre outros em uma frequência de três vezes em um mês e num período de seis meses.

3.3.1 Sensações corporais:

Medo intenso, percepção de batidas irregulares e rápidas do coração, sudorese. tremores ou abalos, sensações de falta de ar ou sufocamento, sensações de asfixia, dor ou desconforto torácico, náusea ou desconforto abdominal, sensação de tontura, vertigem ou desmaio, calafrios ou ondas de calor, anestesia ou sensações de formigamento, sensação de estar fora de si mesmo, medo de perder o controle ou “enlouquecer”, medo de morrer. (podem ocorrer tanto do estado ansioso ou calmo).

3.3.2 Pensamentos automáticos decorrentes dessas sensações corporais: “Acredito que estou tendo um ataque do coração, acho que vou morrer!” “Sou um fraco, não consigo controlar essas sensações!”

3.3.3 Padrões de pensamentos decorrentes dos pensamentos automáticos:

A partir dos primeiros pensamentos automáticos decorrentes das sensações corporais iniciais do pânico, associadas a outras formas de pensar adquiridas, se estabelecem padrões de pensamentos inflexíveis de difícil alteração.  Vejamos:   

Padrão de pensamento focado em suposições: trata-se de um raciocínio   falho que tende a fazer previsões sobre situações futuras a respeito de possíveis crises de pânico: Exemplo: “E se eu tentar me controlar e não conseguir, as pessoas irão rir de mim.”  

Padrão de pensamento com base em fatos isolados, Generalização: Esse é um tipo de raciocínio falho, pois chega a conclusões baseando-se em uma situação isolada. Para ele, um único fato é indicio de ameaça. Exemplo: a percepção de qualquer alteração corporal será interpretada como um novo ataque de pânico. (uma leve dor peito)  

Padrão de pensamento focado no negativo desproporcional, Catastrofização:

Neste caso os pacientes, em geral, tendem a interpretar os acontecimentos corporais ou situacionais de modo negativo e desproporcional. Exemplo: uma simples dor de cabeça, para ele, poderá significar um tumor no cérebro.

Padrão de pensamento focado na posição máxima e mínima, Polarizado: Este também é um tipo de raciocínio falho, pois o paciente tende a interpretar a si mesmo como impotente, incapaz de lidar com situações externas as quais atribui um poder superior. Exemplo: “Não tenho nenhum poder sobre os ataques de pânico, somente Deus sabe como resolver isso.”

Entende-se, portanto, a partir das análises dos pesquisadores sobre esse tema, que os pacientes com transtornos de ansiedade e pânico, apresentam um padrão falho de pensamento comum:  

1.     Minimizam seu potencial de enfrentamento da doença ou situações ameaçadoras;

2.     Maximizam as situações temidas mais do que realmente são;

3.     Padrão de pensamento focado em suposições, generalizações, catastrofizações e polarização.  

4.     Principal emoção: medo.

5.     Sinal de alerta: sensação corporal e situações de medo.

Conheça alguns dos pensamentos falhos associados ao transtorno de pânico:

SUPOSIÇÃO:

1. Se ficar muito tempo sentado, posso começar a passar mal.

2. Após uma crise, tenho medo de ter outra crise.

3. Parece que o remédio não está fazendo efeito.

4. Acho que minha pressão está caindo e vou passar mal de novo.

5. Acho que vou passar mal, como ontem.

6. Se eu dormir, tudo vai passar.

7. Será que irá ter muita gente lá?

8. Toda vez que chego em lugar novo, será que posso passar mal?

9. Estou sozinha no trânsito. E se eu passar mal aqui?

10. Não conheço ninguém. Se tiver uma crise, ninguém irá me ajudar.

11. Já tomei o remédio, se me der outra crise não poderei tomar outro.

12. Dirigindo, medo de bater o carro.

13. O remédio está demorando para fazer efeito, não vou melhorar.

14. Acordei cedo e o remédio não faz efeito quando durmo pouco.

15. Não posso ficar muito tempo em um lugar, pois posso passar mal.

16. Tenho que ir embora logo, pois está anoitecendo e se tiver uma crise.

GENERALIZAÇÃO:

1 Ter formigamento me faz pensar que estou tendo crises.

2. Estou com dor de cabeça, será que é uma crise?

3. Estou sentindo a mesma coisa que ontem, será que estou passando mal?

4. Estou me sentindo como nas últimas vezes que tive a crise.

5. Lembrei das outras crises. Agora, parece que estou sentindo igual.

6. Parece que estou sentindo tudo de novo.

7. Medo de sair de casa e passar mal.

8. Medo de ir a algum lugar e passar mal.

9. Não consigo entrar em um hospital que começo a passar mal, achar que tenho alguma doença.

10. Hospital não traz boas recordações.

11. Se alguém sente alguma coisa física, também começo a sentir.

12. Se algo der errado com alguém, certamente comigo também dará.

CATASTROFIZAÇAO:

1 Sensação de que vou enfartar a qualquer momento.

2. Que alguma dor que posso sentir pode ser algo mais sério.

3. Há tempos que não sinto nada, quando tiver uma crise será pior.

4. Estou com muita dor de cabeça, o que será que tenho?

5. Minhas crises pioram quando fico pensando nelas.

6. Medo de passar mal e não ter ninguém por perto.

7. Está muito cheio.

8. Lugar fechado pode faltar ar, ventilação.

9. Dentro do banco, está tudo fechado e vai demorar. E se eu passar mal na fila? 10. É tudo fechado aqui, e se faltar ar?

11. Se o metrô parar, tudo estar fechado... faltará ar para eu respirar.

12. Se eu tiver uma crise, as pessoas poderão achar que eu tenho uma doença contagiosa.

13. Ir ao médico. E se ele falar que tenho algo muito grave?

14. Está muito calor, será que estou passando mal?

15. Está muito quente, está demorando e eu estou sozinha. E se eu passar mal.

POLARIZAÇÃO:

1. Acho que não consigo controlar meus pensamentos.

2. Se eu sentir tudo de novo, acho que não vou agüentar.

3. Se eu sair e passar mal, como iria voltar?

4. Medo de ficar sozinha em um lugar e não ter a quem recorrer.

5. E se eu passar mal perto de alguém que conheço? O que ela iria achar de mim?

6. Não vou na festa, pois posso passar mal e todos irão ficar falando de mim.

7. Estou assim porque Deus está me castigando.

 

Emoções decorrentes desses pensamentos:  medo das sensações corporais intensas, vergonha por estar sofrendo algo estranho e aparentemente incontrolável, tristeza por parecer fraco e diferente das pessoas saudáveis.  

Comportamentos decorrentes desses pensamentos: fuga de lugares específicos, evitação de lugares ou situações especificas associadas ao pânico, isolamento social restrito apenas aos familiares ou alguém em a quem confiança.  

Etiologia do transtorno: predisposição genética, influências de estilos parentais: autoritário, permissivo ou superprotetor; interpretação das primeiras sensações corporais.  

Situações gatilho: são situações associadas às sensações corporais de ansiedade ou de lugares associados ao pânico, e disparam os sintomas que elevam os níveis de ansiedade e podem resultar em crise ou ataques de pânico são eles:

1.     Exercícios físicos,

2.     Estímulos sexuais,

3.     Ingestão de cafeína,

4.     Alterações térmicas,

5.     Lugares fechados,

6.     Lugares com grande concentração de pessoas,

7.     Trauma emocional,

8.     Condições de trabalho ou rotina estressante,

9.     Isolamento social por longas horas,

10. Atitudes preconceituosas ou discriminatórias.

 

4.     Terapia Cognitivo Comportamental aplicada no tratamento do pânico:

Os princípios da terapia cognitivo comportamental que delineiam o tratamento dos transtornos de ansiedade, especialmente o transtorno de pânico, consideram que há um padrão de pensamento ou raciocínio falho sobre suas reais potencialidades, sobre as sensações corporais e sobre determinadas circunstâncias associadas aos ataques de pânico.

Os terapeutas cognitivos comportamentais, procuram identificar e mapear os pensamentos automáticos, as crenças a respeito de si mesmos, e de outras circunstâncias a fim de fazer as intervenções adequadas. Procuram ainda identificar as situações de risco (ou gatilhos) que disparam os sintomas de ansiedade e formam os ataques de pânico.

Diversas técnicas são usadas para tratar e estabilizar os sintomas de pânico. Dentre eles destacamos:

4.1 PRINCIPAIS TÉCNICAS PARA O TRATAMENTO DO PÂNICO:

4.1.2 Psicoeducação:

Nesse modelo de tratamento, o terapeuta considera com paciente a importância de se conhecer os principais pensamentos e crenças a ênfase sobre si mesmo, sobre as sensações corporais e outras circunstâncias temidas.   A ênfase é dada na definição e clareza sobre das principais fontes dos sintomas de ansiedade, e da qualidade dos pensamentos sobre a manutenção dos sintomas, e também sobre os comportamentos evitativos e de fuga que reforçam o sentimento do medo e da manutenção do transtorno.     

4.1.3 Respiração diafragmática:

Durante as crises ou ataques de pânico, o paciente começa a respirar rapidamente. Esse processo chama-se hiperventilação, ou seja, há um desequilíbrio porque se inspira uma quantidade maior de oxigênio e se expira uma menor quantidade de dióxido de carbono; resultando em dor no peito, tontura, espasmos musculares, formigamento e palpitações.  

4.1.4 Relaxamento muscular:

Ainda durante os ataques de pânico, a tensão muscular, contribui para o aumento dos níveis de ansiedade e também para o aumento de dores físicas e parestesia (frio, calor, formigamento, agulhadas, adormecimento, pressão etc.)

4.1.5 Respiração diafragmática e relaxamento:  

Esta é uma técnica que envolve praticar a respiração diafragmática utilizando os músculos abdominais. Inspira e espira-se utilizando-se esses músculos. Paralelo a este exercício, pratica-se o tensionamento e relaxamento dos principais grupos de músculos. O terapeuta orienta e acompanha o paciente neste processo.

4.1.6 Reestruturação cognitiva: (Pensamento focado na realidade)

Conforme considerados neste artigo, os pacientes portadores do transtorno de ansiedade e de pânico, desenvolveram um padrão de pensamento falho com respeito as suas potencialidades, sensações corporais e outras circunstancias temidas. Estas crenças poderão resultara em desesperança e incapacidade para eficazmente lidar com a ansiedade e o pânico. Aprender a pensar pelo questionamento e apresentação de evidencias a favor e contra os pensamentos falhos, tendem a produzir remissão dos sintomas fóbicos.     

“(...)No tratamento, os pacientes são solicitados a tratar seus pensamentos como hipóteses ou "palpites " sobre o mundo. É treinada a identificação dos pensamentos catastróficos aprendidos ("automáticos ") vinculados à ansiedade e ao pânico.24 Após identificar esses pensamentos na sessão, pede-se aos pacientes que monitorem seus pensamentos, identifiquem os erros lógicos inerentes às interpretações catastróficas e gerem pensamentos mais precisos. Nos transtornos de ansiedade, é dada atenção à superestimação da probabilidade de desfechos negativos ("se minha tontura piorar, vou desmaiar "), assim como uma superestimação do grau de catástrofe desses desfechos ("se eu desmaiasse, seria simplesmente insuportável "). Esses pensamentos negativos são frequentemente desafiados pelo Questionamento Socrático lógico, ou na forma de experimentos comportamentais específicos desenhados para ajudar os pacientes a examinar a precisão de suas previsões ansiogênicas em situações de desempenho real(...).

4.1.7 Exposição interoceptiva: (estímulos internos)

Esta técnica tem por objetivo corrigir os pensamentos falhos do paciente que foram aprendidos a partir das sensações corporais sentidas durante os ataques de pânico. A exposição interoceptiva consiste em expor o paciente gradualmente às sensações desconfortáveis e temidas do pânico. Elabora-se uma série de exercícios específicos que produzam as sensações de tontura, confusão mental, e tensão muscular. O objetivo é dessensibilizar as sensações fóbicas temidas. Vejamos esses exercícios de indução dos sintomas:

• Inspirar e expirar profundamente (90 segundos);

• girar no lugar (1 minuto);

• virar a cabeça de um lado para o outro (30 segundos);

• colocar a cabeça entre as pernas (30 segundos) e levantar rapidamente;

• olhar fixo para uma luz (1 minuto) e depois tentar.

4.1.7 Exposição in vivo

Esta é mais uma técnica especifica para pacientes com transtorno de ansiedade agorafóbica. Esta exposição in vivo, consiste em aproximar gradualmente o paciente de lugares ou situações temidas. Antes da execução da tarefa, paciente e terapeuta irão mapear por grau de importância, e nível de ansiedade todos lugares e situações fóbicas. Durante o exercício registra-se os pensamentos automáticos naquele momento e o nível de ansiedade desencadeado. Para se obter bons resultados, o paciente deverá permanecer no local o tempo que for necessário para sentir-se confortável. Terapeuta e paciente registram, pensamentos automáticos, nível de ansiedade e tempo de exposição.

4.1.8 Dependência dos parentes

Em geral, os pacientes com transtorno de pânico elegem alguém na família para ser o seu acompanhante fóbico. Esse tipo de relação dependente, resulta em sérios danos ao paciente ou seja, perda da autonomia, progressiva baixa autoestima, diminuição de desempenho e isolamento social. Terapeutas, e familiares devem encorajar a autonomia do paciente e a frequência de ambientes ou situações temidas.  

IMPORTANTE: para a formulação de diagnóstico preciso e técnico, você deverá procurar o seu psicólogo, psiquiatra ou um clinico.  

 

 BIBLIOGRAFIA:

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FINEZA, Rafaela Vieira Rodrigues, FARIA, Sabrina Rezende de, ALBERGARIA, Ana Carolina Fernandes, VALADARES, Jianni Patrícia Giardini, CAMPOS, Lorena Thereza Magalhães, BRANDI, Maria Thereza. As causas e consequências da síndrome do pânico em mulheres. Anais IV SIMPAC - Volume 4,nº1 – Viçosa - MG - Dez. 2012 - p. 27-30.

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MANFRO, Gisele Gus, HELDT, Elizeth, CARDIOLI, Aristides Volpato, OTTO, Michael W. Terapia cognitivo-comportamental no transtorno de pânico. Rev. Bras. Psiquiatr. vol.30  suppl.2 São Paulo Oct. 2008.

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